Evento realizado pela Rossi & Zorzanello com correalização do Sebrae RS, Connection Terroirs do Brasil 2024 ocorre em Gramado de 28 a 31 de agosto.
Meio hectare. Foi a área da Fazenda Guatambu que o patriarca da família aceitou destinar para o cultivo de uva diante dos apelos da filha, Gabriela Potter, que havia acabado de se formar em Agronomia e descoberto o potencial da região dos Pampas para essa cultura. Pouco mais de 20 anos depois, a Vinícola Guatambu ostenta 24 rótulos diferentes – alguns premiados – e tem uma produção anual de 90 mil litros de vinhos totalmente conectados ao território e à cultura do Pampa Gaúcho.
A Guatambu é uma das 14 vinícolas da região que estampam o selo de Indicação Geográfica de Procedência Campanha Gaúcha. Ao todo, são 8,9 milhões de garrafas com a indicação geográfica, obtida em 2020. Ao longo desse período, 345 vinhos foram avaliados. O processo para a conquista da IG Campanha Gaúcha e a trajetória da Guatambu é um dos cases que será contado durante o Connection Terroirs do Brasil 2024, que ocorrerá em Gramado de 28 a 31 de agosto. O evento é realizado pela Rossi & Zorzanello em parceria com o Sebrae RS. Segundo Gabriela Potter, o terroir da região confere ao produto do Pampa a qualidade esperada para os grandes vinhos.
“Nossa região é caracterizada pelo clima mais seco e ensolarado no verão, e com frio constante no inverno. Além disso, sopra por aqui o vento Minuano, que ajuda a eliminar a umidade. Essas características tornam a nossa região ideal para a videira, gerando uvas equilibradas e com maturação fenólica, e, consequentemente, vinhos equilibrados, frutados e macios”, explica.
Intimamente ligada ao território, a Guatambu investe na produção de um vinho que tem o DNA da família e do Pampa Gaúcho. “Sempre foi inerente que nós precisaríamos relacionar nosso produto ao território e ao projeto de vida da nossa família. Meus avós vieram para cá para cultivar arroz e gado. Ao longo do tempo, fomos explorando novas possibilidades, sempre com foco na valorização e sustentabilidade da região”, conta Gabriela.
O gestor estadual de Indicação Geográfica do Sebrae RS, André Bordignon, explica que a região do Pampa Gaúcho tem condições muito favoráveis para a produção de grandes vinhos e de elevar o cenário de qualidade vitivinícola do Brasil. “A veia empreendedora da família Potter despertou nas jovens herdeiras a vontade de diversificar ainda mais a propriedade e emplacar mais um modelo de negócio de sucesso que virou uma paixão de família”, diz.
Essa conexão dos produtores com o território é uma das consequências da busca da IG, segundo Bordignon. “A indicação geográfica é um processo que exige a atuação conjunta dos produtores, governos e da comunidade, de forma a comprovar a vocação, a história e a tradição da região na produção de determinado produto. Isso gera um envolvimento muito forte da comunidade com o território e suas origens”. Atualmente, no Brasil, existem 113 regiões com indicação geográfica. No Rio Grande do Sul, são 15, sendo duas em parceria com Santa Catarina e Paraná.